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SENHOR DO BONFIM – Policiais militares e espadeiros entram em confronto. Veja o vídeo

Policiais militares
e espadeiros entraram em confronto na Rua Costa Pinto, principal local de
encontro para os festejos juninos. Soltar espadas é proibido por lei, mas
testemunhas acusam os policiais de agirem com truculência.
Segundo o
representante da Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb),
George Nascimento, pelo menos 36 pessoas ficaram feridas no confronto. O
conflito começou quando os espadeiros se concentraram no local que é conhecido
como palco das guerras de espadas.
“O pessoal se reuniu
para manifestar e estava soltando morteiros e bombas. Ninguém soltou espadas,
foi quando os policiais chegaram e começaram os confrontos. Fizemos um
levantamento nos postos de saúde e tivemos duas pessoas atendidas com
ferimentos leves, 27 com ferimentos de bala de borracha, e sete por efeitos do
gás lacrimogênio. A quantidade de feridos foi maior que na guerra de espadas”,
contou.


O caso mais grave é
de uma mulher que foi atingida por uma bala de borracha no olho. Segundo
George, ela foi transferida para Recife (PE) e corre risco de perder a visão.
Nos vídeos aos quais o CORREIO teve acesso é possível ver bombeiros
apagando uma fogueira e grupos gritando “Polícia é para ladrão, para espadeiro,
não”. Algumas pessoas ficam agitadas até que começam os confrontos.
Soltar espadas é
proibido pelo Estatuto do Desarmamento e, no caso específico de Senhor do Bonfim, uma
liminar do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) proibe a atividade desde
2017, a pedido do Ministério Público. O Município tentou derrubar a decisão
alegando de que se trata de uma tradição e que vetar a atividade prejudicaria a
economia da cidade, já que visitantes e turistas deixariam de curtir os
festejos juninos no local.
Nesta semana, o
Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do TJ-BA. Apesar dos
questionamentos da prefeitura, o ministro Luiz Fux disse que não há
plausibilidade na alegação. O mesmo pedido já havia sido negado pela ministra
Carmen Lúcia no ano passado. Quem for flagrado soltando espadas pode pegar até
seis anos de prisão, além de multa.
A Associação
informou que orientou os espadeiros a cumprirem a determinação e que está dando
todo o suporte às pessoas feridas. Eles afirmaram também que vão entrar com uma
representação junto à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público
para identificar os responsáveis pelo ocorrido.
Procurada, a Polícia
Militar não se pronunciou até a publicação dessa reportagem.
Campanha

No começo de junho, o Ministério Público da Bahia lançou uma campanha de
combate à guerra de espadas, intitulada ‘A vida vem antes da tradição’. Segundo
o órgão, o objetivo é alertar e conscientizar a população para os perigos das
batalhas que acontecem durante as festas juninas, no interior da Bahia.

A ação é realizada
através de peças gráficas, cartazes, banners de lona, outdoor, anúncios em
jornais e redes sociais. O MP lembra aos cidadãos que fabricar, possuir ou
soltar espadas é crime, e que a brincadeira afronta o direito à saúde e
segurança pública.
A campanha está
sendo trabalhada com mais ênfase nas cidades de Cruz das Almas, Senhor do
Bonfim, Santo Antônio de Jesus, Sapeaçu, Muritiba, Cachoeira, Nazaré das
Farinhas, Muniz Ferreira, São Felipe, São Félix, Castro Alves e Campo Formoso.

Fonte: Correio da Bahia