Conversando com uma amiga, ela me disse:
– Está complicado conversar com as pessoas ultimamente, pois só sai coronavírus, política e crise econômica.
Ela acrescentou, ainda:
– De uma hora para outra todos os outros assuntos sumiram.
Poucas pessoas estão olhando para esse momento sem se contaminarem, sem serem fisgado pelo vírus do pessimismo, o vírus da falta de esperança, esses vírus correm mais do que se possa imaginar. Não estou aqui afirmando que o momento que se apresenta seja dos mais confortáveis, mas também não podemos dizer que se trata do fim da estrada, do fim do mundo. Não se pode negá-lo, mas não se pode entrar em histeria.
Muitos estamos tendo de ficar em casa, no entanto, a palavra utilizada para esse fenômeno é inadequada, não se trata de “isolamento” tampouco de “confinamento”, estamos dentro de nossas casas, com nossos familiares podendo usufruir do conforto que está ao alcance de cada família. Por essa ótica, ficar em casa não é algo ruim, e se há divergências entre familiares, este rico momento deve ser utilizado para harmonizar mais as famílias e se há discórdias, cada um deve cair em si e pensar onde está errando a fim de criar no lar um ambiente bom.
Nesse convívio mais demorado, como o que está acontecendo agora, situação inusitada, cada um se mostra como é e sem fôlego para espairecer, uma vez que o sujeito se manifesta ali e ali fica, não se pode ir à rua ou a outro lugar a fim de tomar um ar e mudar o rumo das atitudes intramuros. E não havendo um profundo respeito às diferenças, os atritos acontecem, caso não haja um esforço novo para essa aceitabilidade do outro como ele é e também uma autoavaliação a fim de se perguntar: onde preciso melhorar? O acirramento só crescerá.
Nesse tempo demorado dentro de casa, até agora, tive algumas fases e descobertas, a última novidade que se apresentou é sobre meu ego, vê-se que nossa importância se esvaiu, somos iguais, nossa importância diminuiu e vi também que pouca coisa nesse mundo tem importância, por isso temos de baixar a bola e todos hoje estamos nivelados pelo uso de uma máscara.
Assim sendo, essa pandemia, deve ser um momento de reaprendizagem, infelizmente, nem todos querem mudar seu olhar sobre o mundo, sobre os outros e sobre si mesmos, pois se acham o protótipo de gente certa. Muitos pensam que o olhar que têm sobre o mundo é a verdade, talvez essa “cinquentena”, “sessentena”, “setentena” …… faça o sujeito abrir os olhos do ego e os olhos do apego e comece a entender que há outros olhares e conviver com olhares diferentes nos torna mais leves e mais felizes.
Após essas considerações, respondi à amiga:
– As pessoas estão vivendo ainda uma fase da “trintena” quando atingirem outras etapas, as inteligentes e sábias acordarão, assuntos divertidos e diversos emergirão novamente, todo esse rancor evaporará como também o olhar único sobre a realidade.
Ela, meio cética, concluiu:
Será?
MOACIR SARAIVA – 29.05.2020
Deixe o Seu Comentário