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Agricultura familiar baiana conquista novos mercados e aceitação do público da alimentação saudável

No
Dia Internacional do Agricultura Familiar, celebrado nesta quarta-feira (25),
agricultores familiares comemoram os avanços alcançados pela agricultura
familiar nos últimos 12 anos no estado da Bahia. A exigência do mercado, aliada
a uma maior conscientização da sociedade quanto à origem dos produtos que
consomem, vem impulsionando o setor, que ganha espaço nas prateleiras dos
supermercados, na gastronomia e na mesa dos baianos.
Os
consumidores já dispõem de uma diversidade de produtos da agricultura familiar,
tanto in natura como processados, a exemplo de doces, compotas, geleias, cortes
especiais de carnes de caprino, derivados da mandioca, polpas de frutas,
iogurtes, queijos variados, manteiga, derivados da cana-de-açúcar e do milho,
mel, pólen e chocolates. Esses e outros produtos são fabricados por
empreendimentos como a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e
Curaçá (Coopercuc).
“Nossos
produtos estão indo além das feiras livres. Temos acessado novos mercados,
espaços de comercialização especializados, que contam com um público mais
exigente, e mostrado que agricultura familiar tem produtos de qualidade e
oferta alimentos justos, limpos e que tem a preocupação com o público
consumidor”, destaca Denise Cardoso, presidente da Coopercuc, cooperativa
localizada no semiárido baiano, que movimenta cerca de R$ 1 milhão por ano, com
a comercialização, na Bahia e em outros estados do país, de produtos derivados
do umbu, maracujá da caatinga, goiaba, maracujá, banana e acerola.
Outro
empreendimento que vem ganhando espaço no mercado é a Cooperativa de Produção
Agropecuária de Jiló (Coopag), localizada no município de Várzea Nova. O
vice-presidente e gerente comercial da Coopag, Fred Jordão de Souza, ressalta
que a agricultura familiar é quem alimenta o Brasil e, em especial, a Bahia.
“Ao longo dos últimos anos, o foco no desenvolvimento rural, especificamente na
implantação e requalificação de agroindústrias, seja ela de leite ou frutas,
vem contribuindo para que o agricultor familiar agregue valor à sua produção”,
afirma. 
No
mix de produtos da Coopag, o consumidor encontra iogurtes, queijos, manteiga,
néctar e polpas de frutas. A cooperativa fatura mais de R$ 4 milhões por ano.
“Hoje existem clientes muito exigentes, com interesse de saber a procedência
dos alimentos. As pessoas despertaram e veem que é possível consumir produtos
de qualidade, excelência e zelo. Nós estamos ganhando novos mercados e
crescendo de maneira organizada”, comemora Fred Jordão.
Estado
produtivo
A
Bahia é o estado que possui o maior número de estabelecimentos da agricultura
familiar, com cerca de 700 mil estabelecimentos, e é responsável pela produção
de 77% dos alimentos que chegam à mesa dos baianos. Investimentos desde a base
da produção até a ponta da comercialização, em temas como regularização
fundiária, assistência técnica, agroindustrialização, projetos de produção de
água e acesso a mercado aumentam o potencial produtivo do rural baiano e devem,
em pouco tempo, aumentar esses números.
De
acordo com o secretário de Desenvolvimento Rural, Jeandro Ribeiro, já foram
investidos mais de R$1,2 bilhão na agricultura familiar. “Se você rodar pelas
cidades, há armazéns da agricultura familiar, uma lojinha com conceito de
alimentos direto da roça e o consumidor tem procurado esses produtos. O 25 de
julho é para celebrar tudo o que foi conquistado, além de fazermos uma reflexão
para o mundo de que a gente está caminhando. Um mundo mais sustentável, sem
agrotóxico, que a gente possa produzir sabendo o que estamos consumindo. É isso
que o mundo pede, que o mercado consumidor pede e só quem tem potencial de
fazer isso é a agricultura familiar”.
Da
Roça para a Mesa
Com
o intuito de aproximar chefs de cozinha, donos de restaurantes, cozinheiros e
empresários ligados à gastronomia aos agricultores familiares da Bahia, está
sendo realizada a ‘Expedição Gastronômica: Da Roça para a Mesa’, por meio do
projeto Bahia Produtiva, em parceria com o Instituto Ori e a Aliança dos
Cozinheiros Slow Food.
A
expedição já levou renomados chefs baianos e de outros estados para conhecerem
cadeias produtivas como do licuri, caprinos, cacau, chocolate e umbu. Nos dias
8 a 11 de agosto, acontece a expedição gastronômica da cadeia produtiva do
café, na Chapada Diamantina.
Para
o chef de cozinha Caco Marinho, as pessoas querem comida de verdade e estão
preocupadas com o que ingerem e com o que servem para os seus filhos. “A
gastronomia teve esse avanço e, junto a isso, uma maior valorização das
culturas locais, contrapondo algumas consequências negativas da globalização.
Nesse ensejo, os chefs perceberam que a melhor de todas as alianças foi a
realizada com os agricultores familiares e artesãos das comunidades rurais”,
destaca.