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Podcast Calumbi lança camisa para exaltar as bandas de pífanos

 


Com o intuito de valorizar a dimensão simbólica da cultura, o Podcast Calumbi lança nesta terça-feira (26) um novo produto: uma camisa em homenagem às bandas de pífanos, também chamadas na região de Senhor do Bonfim como “bandas calumbis”. A camisa estampa a frase “Toca Calumbi pra mim”, criada pelo artista bonfinense Jotacê Freitas. A frase é um pedido pela preservação dessa tradição cultural do nosso território.

A camisa foi produzida em parceria com a Loja Uber, marca bonfinense comprometida com a valorização das culturas locais. Os ganhos financeiros decorrentes do produto serão utilizados na produção do Podcast Calumbi, que hoje é realizado de maneira independente, sem financiamento de organizações públicas ou privadas. “Ao adquirir a camisa, o público poderá contribuir com a continuidade do nosso programa, que tem feito um trabalho voltado para a divulgação da história e cultura da nossa região. Além disso, terá em casa uma peça exclusiva que exalta uma das nossas manifestações artísticas mais tradicionais”, reconhece a coordenadora do podcast, Adriana Santana.

A frase da camisa faz parte do cordel “Salvaguardar o Calumbi é nossa obrigação!”, produzido por Jotacê Freitas a pedido do Podcast Calumbi. O artista se diz honrado com a homenagem. “Fico feliz! Quanto mais a gente divulgar nossa arte, nossa rádio, nosso calumbi, melhor!”, celebra o cordelista.

O Podcast Calumbi segue com seu conteúdo gratuito disponível para o público em todas as plataformas digitais (Spotify, Youtube, Deezer, Amazon Music, Google Podcasts etc.). É possível também acessar o material em formato de texto em nosso site oficial: https://podcastcalumbi.com/. Atualmente, o programa está em sua quarta temporada, intitulada “Sertanejas Pesquisadoras”, voltada para a divulgação das pesquisas produzidas por mulheres cientistas.

Abaixo, disponibilizamos o cordel completo do artista Jotacê Freitas:

SALVAGUARDAR O CALUMBI É NOSSA OBRIGAÇÃO!

Ouço de longe um som
Estridente e agudo
Que me traz recordações
Alegres, porém, contudo,
Apesar das alegrias
Que animavam aqueles dias,
Esse som se tornou mudo.

Se veio de Portugal
O Nordeste o consagrou
Em Feiras-chiques locais,
Festas de Nosso Senhor,
E na Villa da Rainha,
Nas corridas de argolinhas
Esse som se espalhou.

Nos distritos de Umburanas,
Canoa e Cachoeirinha,
No Quicé, Cariacá,
Catuni e Caatinguinha,
Na Baraúna e Missão,
Criando a tradição
De vovô e de voinha.

Homens da roça, da terra,
Que por fé, por devoção,
Acompanhavam Reisados
E festas de São João
Tocando as suas flautas
Como meninos peraltas
Dançando xote e baião.

Chamavam banda de “Pife”,
Pífanos dizem os certos,
Mas em Senhor do Bonfim
Virou Calumbi, decerto,
Por ser mato resistente
Que na seca é persistente
E está sempre por perto.

Instrumentos improvisados
Na taboca transversal,
Com cano de PVC
Ou com cano de metal,
Furado com ferro e fogo,
Pífano não passa gogo
Na saliva musical.

Tambor de pau ou de couro
De bode bom berrador
Ou de cabra parideira
Ressoando sua dor,
Com o repique da caixa
Marca o compasso e encaixa
Ritmo arrebatador.

Duas flautas bem soantes,
Um zabumba e um tarol.
Tocados com energia
Do pôr ao nascer do sol,
Tirando sons de ouvido
Com arranjos divertidos
Sem dó, só lá, si bemol.

Quem assobia acompanha,
Bate na palma da mão,
Chama seu par pra dançar
Ali na pista do chão,
Desfilando pelas ruas
Cantando sob a lua
Uma antiga canção.

Onde está o “Cururu”
E o “Capim da Lagoa”?
O veado que o comeu
Não vive mais numa boa.
“Olha pro céu meu amor”,
Lampião já se acordou,
Traz o seu café com broa.

Hoje em tempos virtuais
Não se ouve Calumbi,
Nem o “Forró pé-de-serra”,
É só “sofrência” sem fim.
Se o jovem souber o valor
Vai pedir ao locutor:
“Toca Calumbi pra mim!”