Tinha um menino na beira do rio, olhando o tempo da ponte, em seu pensamento muitas lembranças daqueles dias, os versos e as imagens de um cinema na praça, ao chá de Alfavaca, pisando o junco às margens daquele rio tão são, tão Francisco. Olhava ele para o rio e ria com tantas memórias produzidas em tão pouco tempo. Foi essa a imagem que ficou em mim, em nós, que passeamos por essa beira de sons, poesia, imagens e cores. Uma criança alegre e feliz.
O Usina Cultural do Vale do São Francisco, em sua primeira edição, foi numa moenda de artes e, cada vez que girava, não triturava, ao reverso do espaço ela espalhava pelos ares os sonhos daqueles jovens do Salitre, do Jardim Primavera e do colégio Modelo, “Só sei que foi assim!” precisa, igual ao tempo do olhar, dos córregos desse rio que se move em águas tão distintas, perenes e constantes, com poesia, violão, cinema, rimas, fotografias e as vozes que ecoaram pelo vale, dedilhando em tons diversos, mostrando como o tempo se esvai, assim tão divertidamente cantante.
Uma orla e o seu vapor, ao lado de João ouvindo as – Lite e as semi_áridas – Com todo Em Canto de uma poesia nossa, dos Raimundinhos e seus acordes, foi assim a primeira noite que, abastecendo os cantos subiu rio acima e sextou com Ana Barroso, Maviael Melo, João Sereno e Raymundo Sodré, com sua massa real, entregando a Maciel Melo e Renato Teixeira, centenas de olhares brilhosos e felizes com o que viam e ouviam naquela praça em Romaria de risos.
O amanhecer tão lindo foi acarinhar o Lar de alguns idosos felizes, com os Seresteiros do Vale, que trouxeram a boemia de volta ao palco, com Andrezza Santos e Rennan Mendes, que afinados em sons diversos, abriram as alas do salão, do baião pra Adelmário Coelho e sua trupe em chamas de fazer ferver a nossa cultura.
Foram quatro dias intensos, de alguns meses tecidos no cuidado de querer. Várias formas e jeitos, mãos que se juntaram pra fazer a Usina girar, e em cada giro um sonho, uma forma e um tanto de cada um de nós, semeados pela sensibilidade poética de Higino Canuto, numa Agrovale que, através do Faz Cultura, do Governo do Estado da Bahia, aportou a confiança, das nossas produções com Nyki, Entre Versos e pela Carranca que conduziu o nosso barco, juntamente com a CESOL, onde um Romário no passe certeiro fez bela assistência na Feira de Economia Solidária, com um toque de craque aos voos de uma Sincronia, espalhados pela Nativa e Clas, comunicando a toda essa gente do vale: Que vale a pena sonhar! Eu vi sim, aquele menino na praça, sonhando, olhando a ponte, correndo em círculos e, com sua cadeira de frente pra o riso, girar por uma USINA de sonhos e cantares.
**Poeta e Cantador*
*Curador e Coordenador do Usina Cultural*
*Clas Comunicação e Marketing*
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