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Alvo de processo de impeachment, prefeito de Jaguarari diz ser vítima de ‘golpe’

Na
iminência de perder o cargo, o prefeito de Jaguarari, alvo de dois processos de
impeachment instaurados pela Câmara Municipal (veja aqui e aqui), se diz vítima de um “golpe”. Aparentando saber que a
batalha política na Casa está perdida, Everton Rocha (PSDB) se arvora em
medidas na Justiça para tentar manter o comando do Executivo Municipal. Em
entrevista ao Bahia Notícias na segunda-feira (29), o tucano falou sobre os
processos e sugeriu que os vereadores tentam apeá-lo do poder por não ter
cedido aos “interesses pessoais” deles. “Não se dá mais para fazer política com
base em interesses pessoais, partidários. Estou fazendo uma nova forma de se
fazer política em Jaguarari. A insatisfação dos vereadores é que eles gostariam
de estar na velha política. Aí eu não preciso dizer para você como funciona a
velha política”, relatou Rocha, ao insinuar que se negou a oferecer benesses
aos legisladores. Entre os planos para inviabilizar o seu mandato, a Câmara
estaria se negando a votar a Lei Orçamentária Anual (LOA), o que levou o
município a chegar 2018 com a possibilidade de usar apenas um doze avos do
orçamento por mês. Segundo o tucano, com isso, a prefeitura tem custeado apenas
serviços de emergência – na saúde, por exemplo, utiliza o parco orçamento para
abastecer ambulâncias com combustível. “O município está um caos. O serviço
público está à beira de um colapso. [Não votar a LOA] É um projeto político,
partidário, e eles estão colocando interesses partidários acima do interesse
público. A prefeitura mandou a Lei Orgânica em tempo hábil para ser aprovada.
Se existe uma briga com o prefeito, que a questão seja discutida com o
prefeito, não usar esse método de guerra contra a população”, criticou. Como o
impasse com a Câmara se manteve, o prefeito ingressou com um mandado de
segurança na Justiça nesta segunda, para obrigar a Casa a apreciar a LOA. Uma
das denúncias contra Rocha aponta que ele contratou uma empresa para locação de
carros, que, por sua vez, contratou um veículo modelo Doblô. No entanto, o
carro nunca foi utilizado e, depois, teria sido trocado por um Montana. A
questão foi tratada pelo prefeito como “meramente administrativa”. Ele também
desqualificou a denúncia, apresentada pelo ex-vice-prefeito do município,
Alberto Nunes de Sá. Sá foi condenado em maio do ano passado pelo Tribunal de
Contas dos Municípios (TCM) a devolver R$ 2 milhões. O ex-vice ainda
protagonizou um escândalo em 2008, quando foi flagrado acertando com um
empresário a compra de votos de vereadores para cassar o mandato do na época
prefeito Edson Luiz de Almeida, que havia sido afastado do cargo. Em troca, ele
teria os serviços de sua empresa contratados pela prefeitura. “Pela pessoa que
fez a denúncia, já podemos tirar o conteúdo dela”, disse Rocha. Já sobre a
licitação com indícios de fraudes, que motivou o segundo processo na Câmara, o
prefeito argumentou que ela foi baseada em um certame que foi cancelado. De
acordo com ele, por “excesso de zelo”, e não devido a irregularidades. “Foi
feita uma licitação de sistemas e, nela, a lei diz que o sistema deveria ser
100% web. Quando a primeira colocada foi se instalar no município, os técnicos
da prefeitura constataram que ela não era 100% web. A segunda colocada, por uma
falha no processo licitatório, não poderia ser chamada. Foi encaminhado o
processo para o jurídico, que foi contra o parecer do controlador do município
de que a empresa não poderia ser chamada. Como houve essa falta de entendimento,
pedi que o processo fosse encerrado e abrisse outro. Não houve nada de
irregularidade”, explicou. Sobre Klynton Marceu Rosa Silva, que apresentou a
denúncia, Rocha contou que se trata de um servidor que atualmente trabalha no
setor de tributos da prefeitura e cometeu um erro ao apresentar o pedido de
investigação do prefeito. “Como ele chegou a essa denúncia? Ele não tem
conhecimento nenhum de processo licitatório, de tributos. Ele apenas pegou o
parecer do controlador interno, que é nosso filtro final. Se ele tá ali, vai
colocar todas as falhas do processo, mas é um procedimento para defender o
erário público, resguardar” ponderou. O tucano relatou que, após ter ingressado
com a denúncia, o servidor não mais apareceu para trabalhar. Por causa das
faltas, virou alvo de processo administrativo. Sobre o presidente da Câmara,
Márcio Gomes (PSDB), a quem acusa de arquitetar o “golpe” contra ele, Rocha
disse que o motivo do rompimento entre os dois foi a “ganância” do
correligionário. “Eu ajudei ele a ser presidente da Câmara, ele me apoiou para
prefeito. Ele se viu como prefeito, quer ser prefeito agora. Foi quando se
reuniu, se absorveu do poder, e arquitetou com outros vereadores uma forma de
tomar o poder, por golpe”, afirmou, lembrando que o presidente da Casa é alvo
de uma denúncia por ter funcionários fantasmas trabalhando para ele. Agora, o
prefeito pretende questionar o processo de impeachment na Justiça. “O
Judiciário vai ter que se intervir”, concluiu.
Fonte:
Bahia Noticia