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ARTIGO: COMBATE À CORRUPÇÃO INSPIRA FILME SOBRE O ASSUNTO

A
corrupção que se alastrou em nosso país com tamanha potencialidade está se
tornando tema de inúmeros debates em escolas, academias, associações, enfim, em
todos os setores da sociedade civil e nos órgãos governamentais, ganhando, a
cada dia, mais fôlego nas conversas de grupos sociais, seja no Barzinho, na
Boate, nos Restaurantes, ou simplesmente nas esquinas, onde as pessoas se
encontram para a tradicional prosa de fim de tarde em cafés e/ou lanchonetes.
Segundo
Roberto Victor Pereira Ribeiro, advogado e professor universitário, autor de
vários livros, Membro da Academia de Letras Jurídicas Cearenses, em recente
artigo publicado em revistas e blogs especializados em direito, a corrupção tem
alcançado tamanha potencialidade de alastramento porque está sustentada em
vários fatores, sendo um deles a ausência de transparência.
Então,
há de se perguntar: qual é a solução para inibir o alastramento potencial da
corrupção? E a resposta natural e simples é tornar cada vez mais transparente
as ações de governantes e operadores dos bens públicos e os atos de cada
cidadão no cotidiano da vida civil, seja ele empresário ou trabalhador,
“evitando que o cinismo se instale, quebrando o equilíbrio” das práticas
realizadas sob a proteção da falta de transparência, como lembra Robert
Klitgaard (Professor de Pós-Graduação da Universidade de Clermont – Estados
Unidos), afirmando que “uma forma de fazer isso é punindo quem parece
intocável”, como tem feito a operação Lava Jato.
Aliás,
somente por meio de operações de natureza transparente e punitivas de quem
insiste em lesar o bem público ou golpear o patrimônio privado será possível
conter o cinismo que alimenta corruptores e corrompidos, levando-os a cumprir
penalidades que alcancem pequenos ou grandes malfeitores, sem distinção de
posição social.
Nesse
sentido chega em boa hora o filme OPERAÇÕES ESPECIAIS, cujo enredo é baseado em
uma operação da Polícia Civil, o que merece louvor, porque são raros “os filmes
que abordam o cotidiano desses operosos agentes de segurança”, sendo mais comum
vermos no cinema o desempenho de policiais militares e da polícia federal, como
lembra Roberto Victor no referido artigo e que é intitulado de “O Combate à
Corrupção é uma operação especial”.
O
enredo desse filme se inicia com a protagonista, que é recepcionista de um
hotel, chegando no seu local de trabalho e enquanto atende um hóspede, vê
adentrar no saguão do hotel vários homens muito bem armados e fazer todos os
que estão ali, reféns, o que causa enorme frustração à protagonista, de nome
Francis, que se vê impotente, sem nada poder fazer para combater aquela ação
criminosa.
Frustrada
pela impotência de nada poder fazer, Francis se submete a concurso para agente
da Polícia Civil e, aprovada, toma posse, sendo lotada para trabalhar na parte
administrativa da sua unidade policial, até que, por ter seu nome confundido
com nome masculino, é designada pelo Secretário de Segurança para uma “Operação
Especial”, nome do filme.
Todo
o enredo se desenvolve no Rio de Janeiro e o pano de fundo é o Morro do Alemão,
que na Operação Especial é invadido pela polícia e os traficantes cuidam de
fugir, tomando de assalto uma pacata cidade do interior fluminense. E é nessa
pacata cidade, de nome São Judas do Livramento que Francis e seus colegas
honestos se deparam com a pior das pestes sociais: a corrupção.
Na
bucólica São Judas Tadeu do Livramento, Francis encontra comportamento corrupto
(que no Brasil é endêmico e epidêmico, como lembra Roberto Victor) que envolve
desde os vendedores de pipoca até os ocupantes dos mais altos escalões da
administração municipal, o que leva Francis e seus colegas a realizarem uma
verdadeira faxina na cidade, levando criminosos de todas as camadas sociais à
exemplar punição, alcançando até mesmo aqueles considerados intocáveis, como
está ocorrendo na vida real, aqui no Brasil.
O
filme quer mostrar que a corrupção é, na linguagem médica “um carcinoma extremamente
lesivo, que degenera as estruturas intestinas do Estado Democrático de
Direito”, porque usurpa funções do Estado e se aproveita do caos urbano e de
políticos existentes para se alimentar, crescer e se disseminar dentro do
sistema imunológico Estatal – vindo, nesta toada, “a mitigar algumas das
funções vitais da Administração Pública”, como aponta Roberto Victor no artigo
referido.
Não
é sem razão que José de Alencar, o notável polígrafo cearense que alcançou fama
mundial, dizia que a corrupção é “uma gangrena moral”. E como tal, deve ser
extirpada e combatida com rigor por todos nós que queremos e cultuamos a
honestidade.
*Maraísa
Santana é advogada, especialista em Direito Público, integrante do Escritório
SANTANA ADVOCACIA, com unidades em Senhor do Bonfim (Ba), Salvador (Ba) e
Brasília (D.F.). E-mail: [email protected]. Site:
www.santanaadv.com