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Assistente Social foi covardemente agredida por cerca de 15 pessoas em Campo Formoso

Um
episódio digno de revolta aconteceu na tarde desta quarta-feira, 16, no vizinho
município de Campo Formoso. A Assistente Social e Psicóloga Andrea Magalhães,
foi covardemente agredida por cerca de 15 pessoas após tentar conversar com um
adolescente que fazia gesto obsceno ao lado de 4 crianças, em plena calçada de
uma residência do Povoado de Água dos Passos, zona rural daquele município.
O
caso foi registrado na Delegacia de Polícia da cidade. Traumatizada com o fato,
Andrea está disposta a abandonar a profissão. Ela utilizou o Facebook para
narrar, com detalhes, todo o ocorrido e fazer um desabafo.
Confira
o que escreveu Andrea:
“Amigos
do FACE, me sirvo deste instrumento para dizer que ontem, 16 de dezembro de
2015, eu encerrei minha atuação na minha profissão! Pasmem, mas eu hoje posso
contar a vocês este fato graças a DEUS e a duas pessoas, Jacy Alves Cordeiro,
minha companheira de trabalho, que ontem mostrou-se uma mulher forte e
aguerrida, e ao motorista Sr. José Aprígio, que lutou para me salvar de uma
turba ensandecida. Eram cerca de 15 pessoas. Eu sai com escoriações
e com minha vida!
Estava
realizando visitas na zona rural de Campo Formoso, quando passamos num Povoado
chamado Água dos Passos, para comprar água mineral. Ao pararmos, estavam
sentados numa calçada um ADOLESCENTE e quatro meninos que deviam ter entre
cinco e oito anos. Dois a cada lado do adolescente. Eu percebi que o
adolescente estava fazendo um gestual com o pênis. Fomos a um mercadinho,
compramos água e um wafer. Perguntei à moça do estabelecimento, quem
eram as crianças com o adolescente. Ela afirmou que não conhecia.
Voltei
pro carro, olhei para a cena do adolescente com as crianças e pedi ao motorista
que retornasse. Chegando ao local, era visível que o adolescente continuava a
tocar em seu membro e que estava convidando os meninos a tocarem. Saí do
carro e perguntei educadamente onde estavam os pais dele. Ele disse que era de
Minas, então, perguntei qual a casa em que ele estava hospedado. Ele negou,
levantou-se e segurando o membro ereto me perguntou acintosamente: “não posso
pegar no meu P..? “. Eu respondi que sim, mas não numa praça e com crianças ao
redor dele, que segundo o ECA, ele estava cometendo um ATO INFRACIONAL.
Uma
senhora se aproximou e eu pensei que fosse a genitora dele. Perguntei quem eram
os pais das crianças e ela respondeu que todos são da mesma família. Voltei
pro local onde estavam o adolescente e todos haviam saído, quando vi havia uma
turba, ao meu redor proferindo palavras de baixo calão e a genitora, iniciou as
agressões alegando que eu chamei o filho dela de estuprador. Um tio tentou me
agredir por trás, me protegi com a bolsa e quando vi estava rodeada de
selvagens me chutando e desferindo golpes. Me abaixei, protegi meu rosto e só
sentia os pontapés, socos e joelhadas.
Consegui
sair e entrei numa casa que estava com a porta aberta. Quando entrei, a
genitora do adolescente e a tia tentavam abrir a força, quebraram um vidro, os
estilhaços cortaram meu antebraço esquerdo, quando a dona da casa entrou e me
falou: “você mexeu num vespeiro, agora aguente, se elas entraram aqui, você só
sai morta”. Comecei a chorar em desespero. Mostrei minha carteira profissional,
disse que estava tentando proteger as crianças e que nunca chamaria um
adolescente de estuprador.
Nesse
momento, o esposo dessa senhora conteve as duas mulheres e pediu ao motorista
que botasse o carro na frente da casa e saísse a mil, senão eu morreria ali,
LINCHADA!! Consegui sair correndo, entrei no carro e saímos em disparada
com as pessoas batendo no carro e sob xingamentos: “BRANCA AZEDA, V…, P…,
PSICÓLOGA DE M…, E OUTROS IMPRONUNCIÁVEIS!!
Fomos
à DELEGACIA, a polícia foi até lá, conseguiu trazer o pai, a mãe a tia e o
adolescente. Pelo que sei, foram soltos em seguida. Durante o depoimento delas
continuaram a me insultar. Este fato ocorreu por volta de 15h30. Acho toda
confusão durou cerca de 40 minutos, eu acho, mas foi uma eternidade pra mim.
Saí da Delegacia, fui ao Hospital retirar os estilhaços de vidro do meu braço,
com a pressão alta, sentindo dores pelo corpo, muita dor de cabeça e minha
dignidade na lama. Não dormi esta noite, tinha a sensação das pancadas,
vi três marcas nas minhas costas, fui ao banho e na minha cabeça as
dores persistem.
Agradeço
a Prefeitura Municipal de Campo Formoso, que enviou prontamente um Advogado pra
me acompanhar, a Polícia Militar que foi de imediato, especialmente a Jacy e
Seu Zé. Se não fosse por eles eu estaria morta agora…
Estrou
francamente em LUTO, MORRI COMO PROFISSIONAL!! Não são só as dores no
corpo, mas minha ALMA sangra em saber que não posso mais defender crianças; que
ser uma profissional comprometida quase tirou minha vida. Quero dizer que
vou sair de cena, estou cansada, me senti fraca e impotente e tive a exata
noção da maldade das pessoas… isso foi o pior, ver todas aquelas pessoas
assistindo meu linchamento e ninguém na Comunidade se posicionou pra me
defender. Não tive chance de explicar o acontecido.
Quanto
ao adolescente, infelizmente temo pelo futuro dele, principalmente pelos pais
que o geraram; temo pela sociedade onde eles estão inseridos e temi ontem pela
minha vida. FOI UM ATO DE SELVAGERIA!!
Queria
compartilhar e dizer às amigas de Luto que estou me ausentando da luta por
motivos de força maior”!!
No
próprio Facebook, Andrea Magalhães vem recebendo diversas manifestações de
apoio.

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