Diga News

Bahia lança diretrizes para ampliar educação inclusiva

A
Bahia vai ampliar a inclusão de estudantes com deficiência. As orientações para
melhorar a qualidade do serviço prestado pelos professores da rede estadual
estão nas Diretrizes para a Educação Inclusiva do Estado da Bahia, lançadas
pela Secretaria da Educação nesta sexta-feira (7), na Biblioteca Pública do
Estado, nos Barris, em Salvador. A abertura do evento incluiu um coral formado
por pessoas com deficiência, acompanhadas por uma intérprete de libras, que
levou poesia para a comunidade de surdos.

Na ocasião, o secretário da Educação do Estado, Walter Pinheiro, a iniciativa
marca um trabalho que já tem sido realizado pelo Governo da Bahia. “Nós temos
um conjunto muito bem consolidado. Temos gente com expertise e várias
experiências. Em Ondina, por exemplo, vamos ter um grande centro integrado de
educação inclusiva e levar essa iniciativa para todos os territórios baianos. Assim,
vamos conseguir trabalhar essas diretrizes em todas as escolas da rede
estadual, além das escolas municipais, por meio de parcerias, para que essa
política possa fluir”, destaca. 
O presidente da Federação das Associações de Pais e Amigos de Excepcionais
(Apaes), Derval Freire, afirma que as pessoas alcançadas pelas diretrizes têm
algumas especificidades que as fazem especiais. “Elas precisam ser atendidas
nas especificidades físicas, visuais, auditivas e intelectuais. Cada um tem que
ter um programa voltado para si, senão não há inclusão. O que está acontecendo
aqui hoje é um marco, uma diretriz que vai nortear as instituições para lidar
com a educação de pessoas especiais”.
Exemplo na rede estadual
Na rede estadual, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) está disponível
para mais de oito mil estudantes com necessidades educacionais especiais. São
65 Salas de Recursos Multifuncionais (SEM), 12 Centros de Atendimento
Educacional Especializado e seis instituições conveniadas. Os alunos são atendidos
nas escolas da rede e nos Centros de Educação Especial, dentro de suas
especificidades, para que possam participar ativamente do ensino regular. 
No ato da matrícula, a família pode escolher a escola de conveniência e a
Secretaria da Educação providencia os meios para que o estudante acesse e
permaneça na referida unidade escolar. Um exemplo de inclusão que tem dado
oportunidade para muitas pessoas especiais encontrarem o seu caminho com mais
acolhimento e professores capacitados é o Colégio Estadual Satélite, em Piatã,
na capital baiana. Alunos com e sem necessidades especiais assistem aulas na
mesma sala. 
A diretora da unidade, Adrina Mendes, explica que a educação inclusiva é um
trabalho coletivo. “Nós temos uma sala multifuncional, onde damos o apoio a
esses alunos. Os professores são capacitados e os outros estudantes entendem
que essa é uma característica da escola. A gente naturaliza muito. É algo muito
natural para a equipe”. 
A professora Ana Maria Ramos destaca a adequação do conteúdo à capacidade do
aluno. “A gente tem que se adaptar, perceber quais são as habilidades de cada
um e o que pode ser cobrado dele. Um aluno que tem deficiência visual consegue
seguir, em termos de ensino regular, o que está no currículo. Em relação a um
aluno autista, nós avaliamos a socialização e a absorção de atitudes. A ideia é
perceber a mudança de comportamento, a interação com os colegas e com os
professores”. 
Resultados e sonhos
Os gêmeos Tiago e Diego Almeida Santos, 23 anos, têm deficiência visual e estão
na escola há seis anos. O sonho de Tiago é cursar psicologia para “estudar o
comportamento humano. Estou tendo acompanhamento psicológico e me interessou
muito. Fui pesquisar e é isso que eu quero para mim. Vou seguir essa carreira.
Estar estudando aqui nesta escola, com ensino inclusivo, é a oportunidade para
que eu possa conquistar este objetivo”. 
Os resultados alcançados com a educação inclusiva são comemorados por Zeneide
Conceição dos Santos, mãe de Davi, que também está há seis anos no Colégio Satélite.
“Outras escolas não o aceitaram por causa da condição dele. Aqui, ele foi
acolhido e melhorou bastante. Foi o lugar onde ele mais cresceu. Os
professores, alunos e funcionários cuidam muito bem dos nossos filhos. Ele
aprendeu a ler e a escrever. Antes, ele não fazia nada”, afirma.