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Câmara cassa mandato de Cunha com 450 votos e deputado fica inelegível

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), teve seu mandato cassado na noite desta segunda-feira (12). A
decisão da cassação foi aprovada por 450 votos favoráveis e 10 contrários, além
de 9 abstenções. A perda do mandato teve 193 votos a mais do que os 257
necessários para que o parecer do Conselho de Ética fosse aprovado. Com a
decisão do plenário, Cunha ficará inelegível por dez anos: dois restantes do
seu mandato e outros oito como definidos pela Lei da Ficha Limpa (entenda aqui). Cunha era acusado de quebra de decoro
parlamentar por ter dito, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Petrobras, que não possuía contas além das declaradas à Receita
Federal. A afirmação foi questionada após a Suíça informar sobre a existência
de Trusts em nome de Cunha, de sua mulher Cláudia Cruz e de uma de suas filhas.
A sessão foi iniciada às 19h e chegou a ser suspensa por uma hora pelo
presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), até que houvesse quórum de ao menos
350 parlamentares na sessão. Após a defesa do parecer pelo relator Marcos
Rogério (DEM-RO) (leia mais aqui), o advogado Marcelo Nobre defendeu que não
havia provas da existência de contas no exterior (veja aqui). Já Cunha, em sua defesa, acusou uma “vingança”
do PT e chegou a embargar a voz ao citar a sua família (leia mais aqui). A votação começou por volta das 23h20,
após os deputados solicitarem, por meio de requerimento, o encerramento da
discussão. Com cerca de 40 parlamentares ainda inscritos para falarem a favor
ou contra Cunha, líderes das bancadas do PT e do PSDB, respectivamente os
baianos Afonso Florence e Antônio Imbassahy, sugeriram que o painel fosse
aberto para que a sessão não se prolongasse por horas – cada um dos inscritos
teria direito a cerca de 5 minutos para falar. Enquanto Florence afirmou que o
requerimento era “oportuno”, enquanto Imbassahy apelou para a “racionalidade e
metodologia de trabalho”, ao dizer que os argumentos só se repetiriam nos
discursos. Em mais uma tentativa de obstruir a votação o deputado Carlos Marun
(PMDB-MS) sugeriu a aprovação de um destaque proposto por João Carlos Bacelar
(PR-BA) para que, ao invés da cassação, fosse aprovada a suspensão do mandato
de Cunha por seis meses. Maia voltou a negar a questão de ordem e colocou o
requerimento em votação. Com apoio da maioria, a discussão foi suspensa e foi
iniciada a votação, realizada no painel eletrônico, com votos abertos.
Autor de uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar suspender a análise
do parecer (veja aqui), Bacelar chegou a prestar solidariedade ao
colega antes mesmo do resultado: “Tentei, mas não deu”. Ao todo, 467
deputados participaram da sessão.Blog do Cleber Vieira