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Em carta aberta, governadores se posicionam sobre greve nacional dos caminhoneiros

O
governador Rui Costa assinou, neste sábado (26), a “Carta Aberta dos
Governadores Integrantes da Sudene”, junto com os chefes do Poder Executivo do
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Minas Gerais. O documento
elenca 11 pontos sobre a greve nacional dos caminhoneiros e a grave crise de
desabastecimento de combustíveis que está afetando o país.
Para
os governadores que assinam a carta, é “absolutamente incompreensível que o
Governo Federal autorize a Petrobras a adotar uma política de prec
̧os direcionada,
unicamente, à obtenc
̧ão de lucro e ao acúmulo de receitas”, sendo este
um dos motivos para a elevação assustadora dos prec
̧os de insumos
básicos para a populac
̧ão, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo
diesel.
“Consideramos
absolutamente inaceitável a tentativa do Governo Federal de transferir para os
Estados a responsabilidade pela soluc
̧ão de uma crise que foi provocada pela União,
através de uma política de prec
̧os de combustíveis absurda, perversa e
irresponsável
, diz a carta divulgada
neste s
ábado (26).
Leia
o documento na íntegra:
CARTA
ABERTA DOS GOVERNADORES DOS ESTADOS INTEGRANTES DA SUDENE
Os
Governadores dos Estados do Nordeste e Minas Gerais a seguir listados, que se
encontram sob a jurisdic
̧ão da SUDENE
Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Minas Gerais
em face da grave crise de desabastecimento de
combustíveis que tanto vem afligindo os cidadãos brasileiros, dirigem-se,
agora, à populac
̧ão de seus Estados e de todo o Brasil para firmar o
seu posicionamento sobre esse grave tema:
1.
Em um momento de tão grandes dificuldades, como o que vem sendo vivido por
todo o povo brasileiro – constantemente sacrificado pelos efeitos adversos de
crise econo
̂mica e política sem precedentes – é absolutamente
incompreensível que o Governo Federal autorize a Petrobras a adotar uma
política de prec
̧os direcionada, unicamente, à obtenção de lucro e
ao acúmulo de receitas;
2.
A política da Petrobras toma por base a premissa de que a empresa deve
precificar seus produtos sempre em patamares superiores aos do mercado
internacional, acompanhando as suas oscilac
̧ões apenas quando há elevação de preços, sem jamais
repassar aos consumidores brasileiros as suas eventuais reduc
̧ões;
3.
Essa política de prec
̧os foi elevando, de forma assustadora, os preços de insumos
básicos para a populac
̧ão, como o gás de cozinha, a gasolina e o óleo
diesel, cujo custo repercute, diretamente, sobre todos os prec
̧os da economia,
a comec
̧ar por itens de consumo básico, como os alimentos,
que exercem forte impacto sobre o orc
̧amento das famílias mais pobres;
4.
Os prec
̧os do gás de cozinha e da gasolina têm registrado
aumentos de tal magnitude e com tamanha freque
̂ncia que, algumas vezes, têm sido
anunciados reajustes a cada 24 horas, numa política que tem levado produtos de
primeira necessidade a ficarem completamente fora do poder de compra dos
brasileiros, chegando-se a ter 11 reajustes em, apenas, 17 dias;
5.
Em decorre
̂ncia dessa perversa política de preços, é cada vez
mais comum que famílias
mesmo aquelas que
vivem nos grandes centros urbanos

passem a recorrer a fogões de lenha para cozinhar, aumentando, de forma
assustadora, o número de acidentes com queimaduras e, muitas vezes até, com
perdas humanas e materiais;
6.
Neste grave momento, quando irrompe um movimento radical que – justificado pela
desenfreada escalada de reajustes – bloqueia os canais de distribuic
̧ão de
combustíveis e coloca em risco a mobilidade, a saúde, a seguranc
̧a e a
integridade física de milhões de brasileiros, o Governo Federal tenta fugir
às suas responsabilidades convocando os governos estaduais – já tão
sacrificados pela injusta concentrac
̧ão de recursos na União a renunciar às suas receitas do ICMS, supostamente
para atender demandas dos representantes dos transportadores participantes da
paralisac
̧ão;
7.
Diante disso, nós – Governadores dos Estados integrantes da SUDENE –
consideramos absolutamente inaceitável a tentativa do Governo Federal de
transferir para os Estados a responsabilidade pela soluc
̧ão de uma crise
que foi provocada pela União, através de uma política de prec
̧os de
combustíveis absurda, perversa e irresponsável. Colocar sobre os Estados
Federados o o
̂nus de qualquer redução da alíquota sobre os combustíveis – além de
ser desrespeitoso – é atitude inconsequente e, por isso mesmo, inaceitável;
8.
Para agravar ainda mais o contorno da proposta do Governo Federal, ventila-se a
incoerente retirada da CIDE da parcela de recursos destinada à manutenc
̧ão das
rodovias, que é – por Garantia Constitucional – executada por Estados e
Municípios da Federac
̧ão;
9.
Nós – Governadores dos Estados integrantes da SUDENE – reafirmamos nossa viva
disposic
̧ão de colaborar com o Governo Federal na concepção de propostas
que permitam a acelerac
̧ão da nossa da economia e a retomada do crescimento
do Brasil, mediante a gerac
̧ão de emprego e renda e da inclusão de todos os
brasileiros no processo de desenvolvimento da Nac
̧ão;
10.
Ressaltamos, no entanto, que o Governo Federal precisa rever – com urge
̂ncia a política comercial da Petrobras, reposicionando-a
com responsabilidade e espírito público, trabalhando pelo saneamento das
financ
̧as da empresa, mas mantendo acima de tudo – a consciência de que é
completamente inaceitável aumentar, ainda mais, o enorme contingente de
famílias brasileiras entregues ao desemprego e mergulhadas na miséria e na
desesperanc
̧a;
11.
Por fim, destacamos nosso inarredável compromisso com os valores
democráticos, ao tempo em que manifestamos nossa disposic
̧ão de enfrentar
– energicamente – qualquer tentativa de relativizac
̧ão ou destruição das
conquistas democráticas do povo brasileiro nas ultimas décadas, na certeza de
que a única via para superar os desequilíbrios e conflitos é a consolidac
̧ão da
democracia, com estrito respeito de suas práticas, princípios e processos.