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Filho conhece pai aos 19 anos e o convence a largar crack

O
nome do pai na certidão de nascimento chegou junto com uma missão para o
brasiliense Leonardo Pereira Roque. Ele sonhava com o dia em que descobriria a
própria origem e tiraria “paternidade não declarada” dos documentos. Com a
identificação do genitor, o militar ganhou irmãos, madrasta e também uma
responsabilidade: ajudar a administrar o vício de Orlandino Roque em crack.
Graças a um apelo do jovem, tudo mudou, e o vigilante topou buscar
reabilitação. “Eu falei assim: ‘olha, se você não for para a clínica, vai
perder mulher, vai perder filhos, porque eu não vou correr atrás mais. E eu vou
lá na boca, e a gente vai usar a droga juntos’. Essas palavras foram muito
fortes, acho, porque ele não queria para mim a vida dele. Então ele aceitou
ajuda.” O militar só descobriu o nome do pai aos 19 anos, quando a mulher
estava grávida. Soldado do Exército, ele conta ter se lembrado das brincadeiras
e chacotas de que foi alvo na infância por causa da situação e disse que
desejou que com a filha fosse diferente. O jovem consultou a avó materna, por
quem foi criado, que indicou que ele conversasse com a mãe.  “Ela me disse
que eles foram colegas de escola e tiveram um romance rápido”, conta o rapaz
ao G1.
“Aí eu fui à escola e consegui conversar com a diretora. Expliquei minha
situação, e ela me deu o endereço da casa dele. Só que ninguém morava mais lá,
porque meus avós paternos morreram.” O militar deixou os próprios contatos com
uma vizinha. Sem nenhuma notícia três semanas depois, voltou ao local e recebeu
uma surpresa: o pai havia passado e deixado um número de telefone. “Liguei para
ele. Não sabia o que falar. Aí falei que tinha uns papeis para ele assinar, do
certificado de reservista. Aí ele falou que não tinha o que assinar e que marcaríamos
um contato para eu explicar direito”, lembra. Silva Roque conversou com a
mulher, que deu força para ele ligar e falar a verdade. “Falei: oi, meu nome é
Leonardo, e tem 20 anos que você teve um caso com a minha mãe, Aparecida.” Pai
e filho se encontraram no dia seguinte e planejaram o teste de DNA, que
confirmou o parentesco. Dois meses depois da averbação do nome do vigilante no
registro de Silva Roque, o jovem recebeu uma ligação da madrasta. “Fizemos um
almoço pela manhã para eu conhecer a família, e à noite a esposa dele me liou e
contou sobre o vício em drogas. Fiquei muito triste. Eu pensava ‘acabei de
conhecer meu pai e posso perder ele’. Imaginava como ajudar, mas também não
tinha muito conhecimento nem intimidade com ele.”