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Reitor da Univasf diz que universidade pode fechar as portas no próximo mês de setembro por causa de bloqueio do MEC

A
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) poderá fechar as portas
ainda este ano devido ao contingenciamento de 30% de seu orçamento pelo
Ministério da Educação (MEC). O corte é de quase R$ 12 milhões. Em entrevista
exclusiva a este Blog, o reitor Julianeli Tolentino mostrou-se preocupado com a
situação e afirmou que, caso o governo faça a manutenção desse bloqueio, a
Univasf vai paralisar suas atividades já no próximo mês de setembro.
“A
capacidade de executarmos os nossos serviços, como temos feito de ano a ano,
ela diminuiu bastante. Caso não tenhamos o descontingenciamento – a liberação
do recurso que estava planejado, de acordo com a Lei Orçamentária Anual -, nós
temos uma grande probabilidade de descontinuarmos os nossos serviços, ou seja,
parar as atividades da universidade como um todo já no mês de setembro“,
afirmou Tolentino.
O
reitor diz que a situação é preocupante não apenas para os estudantes. “É algo
muito preocupante, porque pode levar a um dano muito grande. E não somente para
a universidade como instituição, mas para quem participa, especialmente os
estudantes e a população, que é diariamente beneficiada diante das várias ações
que nós executamos no dia a dia, através de projetos de pesquisa e extensão,
projetos que estão diretamente ligados à comunidade”, explica.
Julianeli
Tolentino espera que o MEC se sensibilize com a causa e volte atrás. “Eu espero
que o governo se sensibilize e o ministro da Educação volte atrás e desbloqueie
esse recurso, para que todas as nossas universidades continuem oferecendo mais
e melhores serviços à população, porque é através da educação que nós temos a
certeza que acontecerá o verdadeiro desenvolvimento, com qualidade, das nossas
regiões e consequentemente de todo o Brasil.“
O
contingenciamento dos recursos tingiu o orçamento de custeio e de investimento
de forma direta. Além disso, as despesas básicas também serão afetadas. “Caso
haja a manutenção desse bloqueio, a partir do próximo mês de setembro não
teremos condições nenhuma de pagarmos as faturas de água, de energia, de
continuarmos pagando as bolsas para nossos estudantes – especialmente aqueles
que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que na nossa
universidade chega a quase 80% do volume de estudantes, ou seja, em torno de
quase 8 mil estudantes que dependem diretamente dos RU’s (Restaurantes
Universitários), do sistema de transporte, das residências estudantis, dentre
outros auxílios“, lamenta.
Caos
“A
situação tende para o caos, mas eu tenho grande esperança de que o governo se
sensibilizará e irá voltar atrás e liberar os recursos que tanto precisamos“,
acredita o reitor, mantendo cautela e dizendo que, caso ocorra o fechamento dos
portões, “iriamos adotar alguma estratégia para reiniciarmos as atividades de
forma não garantindo as ações que estamos executando“.
Papel
da instituição
“A
nossa região precisa, e a nossa missão da Univasf é exatamente essa: oferecer
educação superior de qualidade, no interior do Nordeste, o que estamos fazendo
desde 2004 com muita eficiência“, finaliza Julianeli Tolentino.
Vale
destacar que a Univasf possui campus nas cidades de Petrolina (PE), Juazeiro
(BA), Senhor do Bonfim (BA), Paulo Afonso (BA), São Raimundo Nonato (PI) e
Salgueiro (PE).
Cortes
O
Ministério da Educação anunciou, no último dia 30 de abril, que todas as
universidades federais do país sofrerão contingenciamento de 30% em seus
orçamentos. A medida foi tomada após a pasta ser alvo de críticas por ter
reduzido as verbas destinadas à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade
Federal Fluminense (UFF) e à Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A
diminuição dos recursos das três instituições tinha sido anunciada pelo
ministro da Educação, Abraham Weintraub, em entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo, publicada no dia 29 de abril. Ele justificou que as reduções no
orçamento da UnB, da UFF e da UFBA foram definidas porque as três instituições
estariam com sobra de dinheiro para “fazer bagunça e evento ridículo“.
Carlos
Britto